segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Grande Rota do Zêzere - Epílogo

No dia seguinte faria a pé os 30km que me separavam do Barco, primeiro subindo até à zona do centro de limpeza de neve e depois descendo a estrada para Unhais da Serra.
Em jeito de balanço final teço as seguintes considerações:
- Em relação aos meios de locomoção, se fosse hoje teria feito ao contrário. Ou seja, partiria de Constancia a pé e em Pedrógão Grande continuaria de bicicleta. A partir de Pedrógão Grande há autênticas pistas de BTT que permitem fazer 80km/dia.
- Para quem quiser rachar o percurso ao meio, sugiro que o façam em Pedrógão Grande pois aqui há ligação à rede Expressos.
- O sentido de progressão. A sinalização é bi-direccional podendo andar-se nos 2 sentidos. Optei por iniciar em Constância porque acho que é onde a maioria das pessoas vai iniciar e quero que o meu testemunho possa ajudar a maioria dos que vierem a seguir
- Percorrer o Zêzere a pé, de bicicleta ou de kayak, era este um dos chavões que esteve na génese do projecto. Fica-me a faltar a parte do kayak, mas pelo que vi nestes meses de Inverno, o rio tem caudal suficiente para se fazer uma travessia desde a zona de Valhelhas.
- Percorrer a GRZ a correr. Estou certo que aqui está a nata dos trilhos de trail-running em Portugal. Correndo 40-50km/dia não vai ser difícil encontrar alojamento.

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte


domingo, 11 de janeiro de 2015

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 7

Vale de Amoreira foi a primeira localidade do dia, onde aproveitei para tomar o pequeno-almoço no café Ideal e aquecer-me junto à salamandra.

Vale de Amoreira

Aqui a GRZ seguia por uma espécie de levada à beira do rio. A geada fazia-me lembrar neve. Será que a ia encontrar, agora que começava a entrar na serra?
Também em Vale de Amoreira comecei a encontrar percursos pedestres de pequena rota pertencentes a Manteigas, alguns dos quais partilham o traçado com a GRZ.


O percurso continuou por trilhos florestais e de pastores bordejados por pinheiros, quase sempre a meia encosta e com o rio do lado direito.


Viria depois a passar no Skiparque, onde há também um parque de campismo, café e restaurante.

Skiparque
E continuou a progressão por trilhos de pastores perdidos no tempo e recuperados para uso do pedestrianismo.


O Sameiro já se avizinhava a passos largos. Podemos ver esta aldeia na outra margem do rio.

Sameiro

Continuei por bonitos bosques despidos e as placas de informação já assinalavam a distância à vila de Manteigas. Aqui decidi fazer um pequeno desvio de rota para ir ao centro da vila em busca de almoço. Após consulta ao menu de vários restaurantes, escolhi a churrasqueira Ski na rua 1º de Maio.

Manteigas

Saí de manteigas com o estômago cheio e com vontade de atacar a subida pelo vale glaciar até ao Covão d´Ametade, meu destino final, que esperava alcançar ainda neste dia. Faltavam 11km apenas. Alcancei pela primeira vez a cota dos 600m e ia seguindo pelo percurso pedestre do Vale Glaciar pertencente a Manteigas. Nesta zona há muitas casas de apoio ao pastoreio em ambos os lados do vale. Pastores é que nem vê-los. Uma pena as tradições rurais estarem a morrer lentamente.


Sensivelmente a meio da subida o trilho transforma-se numa sucessão desordenada de rochas em que é preciso andar literalmente a saltar de pedra em pedra. Um trilho de cabras, portanto. Para quem vier de bicicleta, subir por aqui montado em bicicleta é melhor esquecer. Não é impossível fazer este troço levando a bicicleta à mão, mas que não vai ser fácil lá isso não vai. Se não forem puristas e não se importarem de fazer uns metros fora da GRZ, sugiro que façam um desvio para a EN338, que é onde a GRZ vai dar dentro em breve.

Vale Glaciar do Zêzere

Chegando à EN338 e olhando para trás o enquadramento do vale é verdadeiramente espectacular. A partir daqui não há mais trilhos, apenas estrada asfaltada serra acima até chegar àquela curva mágica que assinala o Covão d´Ametade.


Vibrei muito com a chegada a este lugar mágico que é o Covão d´Ametade. As placas informavam o início da grande rota e a distância para Constância: 370km. Consegui, missão cumprida, sou um GRZ finisher. Não sei se algum dia esta expressão terá algum significado, mas gostaria que sim, era sinal que o projecto estava finalmente completo e em funcionamento.


Já dentro do Covão d´Ametade segui o agora pequeno rio para ir até à sua nascente.

Covão d´Ametade

Nascente do Zêzere

Neste último dia subi dos 600m aos 1400m, um ganho de elevação considerável. Ao contrário do que esperava não encontrei neve, mas pronto, assim também foi bom. 







sábado, 10 de janeiro de 2015

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 6

Chegar a Valhelhas era o meu 1º objectivo para este dia. Depois de passar por Vale Formoso encetei por uma série de caminhos pelo meio de pomares.



Foi num destes pomares que tive um erro de navegação, não por culpa minha mas sim por culpa de sinalética em falta. Comecei a andar sem ver marcas, nem sequer uma marca de continuidade havia. E quando cheguei à EN232 e não as encontrei tive a confirmação de que estava a andar fora da rota. Decidi então seguir pela estrada asfaltada até Valhelhas pois sabia que a GRZ passava por lá e depois seguir o sentido inverso ao que estava a fazer para vir de encontro ao local onde me tinha desencontrado da GRZ. Não foi preciso ir até Valhelhas pois mais à frente na EN232 volto a encontrar a sinalização perdida. Voltei então para trás pela GRZ e o que me tinha levado ao engano foi a falta de sinalização numa curva do pomar. Se calhar consequência dos muitos trabalhos agrícolas que por aqui parece haver. Só mesmo com o track no GPS é que daria para passar sem enganos.

Valhelhas à vista

Em Valhelhas foi o cabo dos trabalhos com a sinalização. Na estrada de terra que faz a aproximação à aldeia deixou de haver marcas de sinalização. Suspeitando que ia fora de rota resolvi voltar para trás, atravessar a ponte antiga e seguir pelo asfalto até à aldeia e aí achar de novo a rota e voltar atrás para remendar o engano. Chegado lá procurei o restaurante local, que se encontrava fechado. Como alternativa abasteci-me na mercearia da terra. Como não sabia o sentido da rota resolvi ir pelo que me parecia mais lógico, indo em direcção ao parque de campismo e praia fluvial. Também aqui as marcações são escassas.

Praia fluvial de Valhelhas

Quando chego à estação intermodal de Valhelhas é que vejo que tinha seguido a variante GR33.1 Consultando as placas sigo pela GR33 até ao ponto onde tinha decidido voltar atrás. Surpresa!!! Estava no caminho certo da 1ª vez! Que falta faz haver aqui marcas de ontinuidade a assinalar caminho correcto. 


Almocei na estação intermodal e depois segui pela GR33. Andei cerca de 2km com sinalização mas depois ela eclipsou-se. Estava a afastar-me do rio e a subir bastante. Não valia a pena, perdi o amor a 2 horas de caminhada e decidi voltar para trás e seguir pela GR33.1 Sabia que as duas opções de rota passavam no Vale de Amoreira. Desconheço o porquê de haver esta variante. Contas do dia: caminhei 27,8 km mas apenas aproveitei 15,9 km para o track GPS.



sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 5

Não foi fácil passar a noite com temperaturas a rondar os 0ºC . Quando acordei e saí para fora, a tenda e os campos estavam brancos, não de neve mas sim de geada que se formou durante a noite. Com a tenda arrumada e pronto para nova etapa, não parti sem antes ir ao café vizinho do parque tomar o pequeno-almoço. O choque térmico (frio no exterior, quente no interior) fez-me sentir mal e cheguei mesmo a desmaiar (tive sorte pois estava sentado). Deixei-me ficar algum tempo a restabelecer-me e aproveitar o quente. Aqui há também um restaurante, uma opção para quem passar nas horas de refeição. 

Covilhã

Fiz bem em ter trazido luvas, davam muito jeito nestas manhãs frias. Andei vários kms com a Covilhã à vista. Era bem visível o novo data-center da PT. A GRZ seguia agora paralela à A23. Foi nesta zona que passei por 2 pessoas que andavam a fazer uma caminhada matinal na GRZ, as primeiras que encontrava desde Constância.


Fiz mais uma travessia de ponte sobre o Zêzere. À entrada da freguesia da Boidobra existe uma estação intermodal à beira da estrada.



Passo também por uma linha de caminho-de-ferro abandonada. Acho que seria a que ligava a Covilhã à Guarda. A rota continua a desenrolar-se por caminhos rurais de apoio às propriedades agrícolas. Numa destas propriedades privadas existe uma cancela que devemos fechar após passagem. Foi aqui que fiz um rasgão na perna esquerda das calças. Pena não ter trazido um kit de costura. Não era grave e dava para continuar, era o que interessava. 
Também nesta zona se passavam por vários pomares de árvores de fruta, uma constante até se entrar no distrito da Guarda.


Chegar a Orjais a tempo de almoçar era o meu objectivo. À aproximação a esta aldeia passei pelo meio de uma grande seara. Quando cheguei a uma estrada que ia dar a Orjais e como já eram 13:30, optei por fazer um desvio e seguir por este atalho e depois regressar aqui para continuar a GRZ. Chegado a Orjais passei ainda pelo ATM e depois por indicação de um popular dirigi-me ao restaurante Estrela do Zêzere onde almocei. Em boa hora o fiz: funcionária simpática, tive direito a aquecedor e tudo! Por cima existe uma residencial, sem dúvida uma opção de alojamento a considerar. Fiquei fã de Orjais. Fica para um dia uma visita mais demorada a esta terra. É nestas aldeias do interior que está o Portugal real.

Até quando esta paisagem incompleta?

Despedidas feitas e regressei ao ponto onde havia abandonado a GRZ. Depois de andar cerca de 1km passaria à saída de Orjais. Conclusão: havendo tempo não há necessidade de fazer desvio até Orjais pois a rota passa por lá.
Durante este dia passaria ainda nas proximidades de Belmonte, aldeia histórica, que avistei ao longe.

Belmonte



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 4

Recuperado da lesão que sofri na última presença na Grande Rota do Zêzere, no dia 7 de Janeiro decidi partir rumo ao Barco para concluir esta rota. Aproveitei o bom tempo que estava, com dias soalheiros, embora não me livrasse do frio que se fazia sentir. O equipamento usado foi o mesmo, excepto que desta vez usei umas botas Salomon Conquest GTX. Deixada a viatura na aldeia do Barco e de mochila às costas segui as marcas pela EN343 e passei a 1ª de muitas pontes sobre o rio que iria encontrar durante os próximos dias. Após contornar a povoação por fora, a rota vira à esquerda e segue por estrada de terra. Esta é zona de propriedades agrícolas e de pastoreio.


Neste dia passaria por várias povoações, tais como: Pesinho, Peso, Vales do Rio, Alcaria, Dominguiso e Tortosendo. A oferta de restauração e dormida já é maior. Estou em aproximação à 2ª cidade da GRZ, a Covilhã.

Ponte sobre o Zêzere e aldeia de Peso
O rio ainda apresenta uma largura considerável, característica que iria manter até ao Vale Glaciar em Manteigas.


A sinalização continuava muito boa, atrevo-me a dizer parecia implementada de fresco. Também o terreno continuava do meu agrado, com estradões largos e sem qualquer vegetação que pudesse incomodar. Uma autêntica pista de BTT. 

Dominguiso

Na zona do Tortozendo, a GRZ passa por baixo da linha de comboio da Beira Baixa e embora não passe dentro da vila, passa sim no seu parque empresarial.

Linha da Beira Baixa

Nesta tarde avistaria a Covilhã e como tinha a indicação de que ia passar no parque de campismo do Tortosendo, era aqui que tencionava terminar a etapa de hoje. Depois de passar mais uma ponte, parei num café para tomar o lanche. Depois instalei-me no parque de campismo Carlos Pinto. Era o único campista com tenda, o normal para esta época do ano.