sábado, 28 de março de 2015

GR-26 Santiago da Guarda - Cabeça da Corte

Dia 23 de Março marcou o meu regresso a terras do massiço de Sicó em busca de concluir a GR-26. Como em Quatro Lagoas tinha perdido a continuação, desta vez tive de começar em Santiago da Guarda e andar no sentido inverso, para sul, em direcção a Ansião e Alvaiázere.
O equipamento que usei foi o seguinte:

Mochila de trekking Lowe Alpine AirZone Quest 37
Campismo: tenda Gelert Solo 1 person tent (waterproof), saco-cama, almofada
Acessórios de higiene, escova de lavagem de roupa
Meias, toalha, roupa interior
Garrafa de água, calças impermeáveis, guarda-chuva
GPS: Garmin Dakota 20
Máquina fotográfica: Sony DSC-HX20V

O percurso começou por caminhos rurais e agrícolas. Alguns destes fazem parte da nova rede de percursos pedestres de Ansião cuja sinalética já se encontra implementada. A travessia da IC8 deu-se por um dos túneis de escoamento de águas, em que tive de me baixar um pouco.

Travessia sob o IC8
Em Ansião fiz a 1ª pausa para lanchar, pois tinha começado a andar da parte da tarde. Na entrada no parque da vila onde passa o rio Nabão tive a primeira dificuldade com a sinalização, mas nada que uma volta pelo parque não resolvesse. 

Rio Nabão no parque de Ansião
Depois seguiu-se uma subida até à Serra do Anjo da Guarda e aos caminhos do Ciclo do Pão, onde ainda se pode admirar um moinho em bom estado de conservação. Infelizmente também por aqui pululam torres eólicas.

Moinho na serra do Anjo da Guarda

No dia 24 de Março comecei perto da aldeia de Pousaflores e fui avançando para sul e para a serra de Alvaiázere. É delicioso ver a profusão de sinalética de percursos pedestres que por aqui existe, incluindo uma outra GR: a GR-35 ou Grande Rota de Alvaiázere. Tive especial cuidado para me manter na GR-26, visto partilharem o mesmo percurso em algumas zonas.


Em Alvaiázere aproveitei para tomar o pequeno-almoço. Depois, ainda nesta vila tive um pequeno engano (deixei de avistar as marcas) que resolvi ao voltar para trás. Depois de seguir pela malha urbana da vila, a GR embrenha-se pela Mata do Carrascal, onde existe um circuito de manutenção. Zona muito bonita e aprazível esta. 

Moinho na Mata do Carrascal
Aqui existe muita falta de sinalética. Não sei se será por já haver a sinalética dos PR´s de Alvaiázere. O que é certo é que me causou muitas dúvidas e incertezas. A tal ponto de deixar de haver marcas vermelho e brancas em qualquer direcção que tomasse. Resolvi afastar-me 2 centenas de metros e começar a descrever um círculo para tentar encontar as ditas cujas. Nada! Nem um sinal. 
Sem perspectivas de continuação decido voltar a Ansião seguindo pela EN348. Feitos cerca de 10km, para minha surpresa em Vale da Couda volto a encontrar a sinalética da GR-26. Uma placa assinalava Alvaiázere a 14km. Encetei então por esta nova via, que me iria levar o restante da tarde de volta a Alvaiázere. Só vi sinalização até perto da aldeia de Covões, nas cercanias da vila, depois segui por um PR de Alvaiázere. Sem dúvida que esta zona precisa de remarcação numa próxima manutenção.

No dia seguinte, 25 de Março, comecei com uma subida até à aldeia de Covões. Depois viria a passar por um ponto de interesse: os megalapiás da Mata de Baixo. Ao chegar à CM1118, tinha 2 opções: ou seguia a GR ao longo de uma ribeira coincidindo com um PR de Alvaiázere ou tomava a alternativa de Inverno seguindo pela referida CM1118 em asfalto. Foi isto que fiz, deixando o PR para uma oportunidade futura, apesar de nesta altura do ano a ribeira já se encontrar seca. A opção de Inverno acabava na Aldeia de Bofinho.


A partir da zona de Almoster há vandalização das marcas horizontais com tinta verde. Com um pouco de exame dá para descortinar o significado original. Uma questão a rever para manutenções futuras. Também a partir daqui há falta de sinalização só se descobrindo a continuação por tentativa e erro. Andava por caminhos predominantemente agrícolas e passei por uma zona no alto da montanha muito bonita com uma série de moinhos de vento, hoje já ao abandono e esventrados pelas marcas do tempo. Uma pena!


A jornada iria acabar em Abiul, onde quando cheguei fui lanchar a um café e abastecer-me a uma mercearia.

O dia seguinte ia começar com uma dificuldade, antes de chegar a Garriapa. O percurso levou-me para umas hortas rodeadas por silvas e uma ribeira. Marcas e postes de sinalização nem vê-los. Procurei... procurei... e nada! Calculei que o percurso passasse pela aldeia vizinha de Garriapa e segui por uma estrada de serviço às propriedades agrícolas. À chegada à aldeia, a minha previsão confirmou-se.
A partir de Pousios e até chegar a Pombal segui relativamente próximo à IC8. Já na cidade de Pombal esta GR-26 dá-nos um bónus que é a passagem pelo castelo. Muito bonito este castelo, vale a pena visitá-lo. Como já o tinha feito no passado não me detive aqui e fui antes à procura de local para almoçar. O percurso segue por várias ruas e vielas da cidade do Marquês, bem no centro da urbe. Antes ainda parei numa farmácia para comprar pensos para os calos. Depois lá fui dar ao dente numa pastelaria que servia menu do dia ao almoço.
À saída de Pombal encontrei um painel da GR-26 antiga a assinalar o começo da Rota do Paleolítico. Tem cerca de 30km e estendia-se até Redinha.

Painel antigo
O percurso segue por um trilho no canhão do Vale dos Poios até à aldeia do Vale, onde há outro painel antigo.
Trilho no Vale dos Poios
A parte da tarde foi passada no coração da serra de Sicó, quase sempre por trilhos muito estreitos de pastores e nas partes mais altas da serra, a 400m de altitude. Nestas cotas andei com nevoeiro. Muito interessante do ponto de vista geológico este troço. 

Serra de Sicó
Os campos já são de Primavera, com o verde a ser a cor dominante. O dia de caminhada iria acabar em Ereiras, com a chuva a ameaçar cair.

O dia 27 de Março começou húmido e enevoado. Por precaução calcei as calças impermeáveis e coloquei a capa à mochila. Pousadas Vedras foi a primeira aldeia que alcancei. Seguia por trilhos que faziam a ligação entre aldeias antigamente.


À chegada à Cabeça da Corte tive de tomar uma decisão. Continuar em direcção a Redinha sem saber quantos kms faltavam até chegar a Quatro Lagoas ou regressar a Santiago da Guarda por estrada e assim adiar a conclusão da GR-26 Terras de Sicó? Consultei o GPS e vi que estava a "apenas" 7 km por estrada de Santiago da Guarda. Os meus pés não estavam nas melhores condições e já se andavam a queixar um pouco desde a véspera. Sem saber a distância que ainda me faltava e com pena minha, decidi voltar ao ponto de partida. Acho que foi a melhor opção. Conto voltar em breve. Tenho a certeza que o restante da GR-26 já não me escapa! Até lá.



GR-26 Santiago da Guarda - Cabeça da Corte