quinta-feira, 30 de abril de 2015

GR-26 Cabeça da Corte - Quatro Lagoas

Dia 29 de Abril marcou o meu regresso a terras do maciço de Sicó para a derradeira etapa da GR-26: a ligação de Cabeça da Corte a Quatro Lagoas. Não sabia quanto tempo e distância me iria levar, mas pela proximidade geográfica desconfiava que não seria muito, apesar do traçado da rota até então ser fértil em curvas e contra-curvas e formas geométricas nada suaves. Saído de Cabeça da Corte, comecei a descer em direção ao canhão do vale dos Poios. 

Vale dos Poios
A progressão era feita por trilhos estreitos da largura de uma pessoa e as paisagens eram magníficas com curiosas formações rochosas. Pude ver 2 mini-grutas, uma das quais deu para entrar, bem no fundo do vale. 


Por aqui crescem as rosas albardeiras (ou cucas) por entre pedregulhos tornando a serra num belo jardim.
Depois de sair desta zona e de começar a subir, existe uma falha grave na sinalização ao chegar a um cruzamento. Não há qualquer poste ou marcas de tinta na pedra. Fiz o que costumo fazer nestas alturas: a tentativa e erro. Começei por continuar a subida e fui dar a uma estrada de asfalto. Aqui as opções de continuação multiplicaram-se e como não havia sinal algum, concluí que tinha vindo no caminho errado. Voltei para o cruzamento e tomei a outra opção. Muitas passadas depois lá vejo ao longe um poste da GR. Estava encontrado o fio ao novelo. Que falta fazem aqui umas marcas de continuidade!
Depois segui para a Arrancada e os seus Olhos de Água. Lindo este local, que tem uma ribeira e parque de merandas na margem.


Redinha já se me afigurava no horizonte. Esta povoação tem uma ribeira com mini-represa e uma ponte de pedra, a qual atravessei.

Em Redinha
Depois segui para Poios, a povoação que dá o nome ao canhão geológico vizinho.

Poios
Seguidamente houve uma exigente subida para a capela de N. S.ª da Estrela. Aqui a vista abrangida era espectacular.

N. Sª da Estrela
Continuando pelos trilhos da serra, pude ver pelo menos 3 tipos de fitas diferentes presas aos ramos das árvores. Suponho que sejam as fitas do percurso de provas de BTT. Uma "praga" invasora que não fica nada bem numa natureza como esta. Em vez de serem retiradas depois da realização das mesmas, não, ficam lá para apodrecer, como se fosse isso que acontecesse.


Em Degracias entrei no mini-mercado da aldeia onde me abasteci de víveres e fui à fonte guarnecer de água. Nesta aldeia já encontrei sinalização que não estava cá da 1ª vez que aqui passei, quando tinha deixado de encontrar marcas a partir de Quatro Lagoas. E assim continuou pelos caminhos rurais transitáveis até chegar a Quatro Lagoas.



GR-26 Cabeça de Corte - Quatro Lagoas


sexta-feira, 3 de abril de 2015

GR-38 Grande Rota do Muradal - Pangeia

Dia 31 de Março rumei à aldeia do Estreito para percorrer a novíssima GR-38 Grande Rota Muradal - Pangeia ou também chamada "Trilho Internacional dos Apalaches", dois dias depois de ter sido inaugurada. Antes, ainda passei pelo posto de turismo de Oleiros para levantar um folheto deste percurso.
Aqui pode ler-se: "A Grande Rota Muradal Pangeia é um percurso que enaltece a montanha quartzítica do Muradal e evoca o supercontinente Pangeia, que existiu até há 200 milhões de anos, do qual esta região do Maciço Ibérico faz parte. "
A partida foi no Estreito mas pode-se começar também em Sarnadas de São Simão, Vilar Barroco ou Orvalho.


O percurso seguiu depois por São Torcato, cruzou a EN238 e seguiu por estrada florestal rumo à Penha Alta. Aqui tem-se uma boa panorâmica da serra do Muradal.

Serra do Muradal
Depois há uma placa a assinalar a escola de escalada da Crista do Zebro e a estrada a seguir para lá chegar. Continuei serra acima até alcançar a Penha Alta. Aqui a progressão era por trilhos estreitos com muita pedra e raizes de esteva à mistura.


Aqui temos uma vista soberba sobre a aldeia de Sarnadas de São Simão, que se estende até às serras da Gardunha e Estrela.
Sarnadas de São Simão
É uma sensação incrível andar na crista de uma serra com tão belas paisagens como esta e com trilhos bem cuidados. Um hino à natureza. O climax da comunhão Homem/Natureza.
O geossítio do Portelo com as suas formas características na rocha foi a atracção seguinte.


De seguida segui uma placa à procura do Forno da Moura. Não sei se o encontrei, porque não havia placa indicadora, mas julgo ser esta formação rochosa:


Continuei seguindo pelos largos estradões de serviço às torres eólicas. A sinalização já assinalava a Cova da Moura, a atração mais a sul desta GR-38. Antes de lá chegar ainda havia de passar no Picoto do Muradal, povoado castrejo da Idade do Ferro e que fez parte da linha defensiva Talhadas-Muradal nas invasões Francesas.


Cova da Moura
Depois da Cova da Moura regressei pelo mesmo percurso tendo do lado direito uma vista estupenda para as povoações de Cardosa e Sarnadas de São Simão. Depois segui pela variante GR-38.1 que faz a ligação à GR-38.2 para quem começa (ou acaba) em Sarnadas de São Simão. Foi necessário conquistar a Casa da Moura, mais uma formação geológica suigéneris, fazendo descidas quase a pique. Continuei rumo ao geossítio do Portelo novamente.

Sarnadas de São Simão (esq) e Cardosa (dir)
Aqui é onde começa a Via Ferrata que eu faria caso estivesse munido de capacete e arnês (obrigatórios). Como alternativa para chegar à Penha Alta e para não voltar novamente pelo mesmo trilho, usei a estrada de serviço às torres eólicas até chegar à EN238 e depois voltei a subir à Penha Alta. O miradouro do Zebro era o próximo objectivo a atingir. E que lição de geologia se pode aprender desde aqui!!!


Vista desde o miradouro do Zebro
Depois houve uma descida difícil e acentuada até à ribeira das Casas da Zebreira. Aqui o percurso seguiu com a passagem por pontes e passadiços de madeira até ao Poço Mosqueiro e Poço de Fervença. O calor que se fazia sentir já convidava a um mergulho.




Um paraíso escondido no fundo do vale a convidar regressar outro dia com mais tempo. O percurso continuou pelas margens da ribeira e depois por estrada florestal até à aldeia vizinha de Vilar Barroco. Aqui aproveitei o mini parque junto da fonte da aldeia para retemperar forças e dar de beber à sede.
Depois foi tempo de subir e muito pela serra acima até perto dos 900m de altitude. Voltou-me novamente a adrenalina e sensação de liberdade por andar na crista da serra. Ou deverei dizer antes por andar nas nuvens? Magníficos trilhos, uma varanda sobre Vilar Barroco, paisagens espectaculares que se estendiam até Espanha. O que se poderia pedir mais?


O Orvalho e o miradouro do Cabeço Mosqueiro já se avistavam ao longe e agora era a descer até à CM1197. 

Orvalho ao longe
Mas havia ainda que passar por mais uma maravilha natural: a cascata da Fraga d´Água Alta, geomonumento do Geopark Naturtejo.


Nas imediações do Orvalho a GR-38 cruza-se com a Geo-rota do Orvalho, mais um percurso pedestre de luxo, que vale a pena percorrer.

Moinho do Orvalho
Consultando o folheto da GR vejo que esta termina no miradouro do Cabeço Mosqueiro. Mas no Orvalho a última sinalética que encontro é a de descrição da localidade. Assim, continuei seguindo o mapa. A subida ao miradouro é comum à Geo-rota do Orvalho e a vista daqui é soberba, alcançando-se muitas aldeias ao redor. O painel que aqui se encontra mostra-nos o nome de cada uma, bem como as ocorrências geológicas na paisagem.
Para terminar deixo-vos com uma passagem do folheto da GR-38:
"As sensações e emoções são uma constante ao longo da extensão da Grande Rota. A liberdade é certa. O contacto com a sonância e os cheiros naturais são inexplicáveis. O caminhar e "alcançar o céu" é surpreendente. É conhecer lugares com "estórias" , lendas, culturas e ciências. É poder refrescar com um natural mergulho nos Olhos de Fervença. É possuir a frescura da Fraga da Água d´Alta. É sentir o poder de descobrir a natureza."

GR-38 Trilho dos Apalaches



No dia seguinte faria a variante GR-38.3 que faz a ligação entre o Orvalho e Vilar Barroco por caminhos florestais onde predomina o pinheiro bravo, castanheiro e eucalipto. Uma alternativa bem mais suave com o terreno plano a ser a predominância.