domingo, 7 de dezembro de 2014

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 3

O dia começou cedo e com uma dificuldade. E não, não estou a referir-me ao muito frio que estava, apesar de ir ser um dia de sol. Foi a passagem do rio para Dornelas do Zêzere, que foi feita sobre um paredão sem guardas. O cuidado foi redobrado.
Continuaram os trilhos desafogados à semelhança dos dias anteriores, sem vegetação alguma a incomodar, um mimo portanto para quem vier de bicicleta. Será isto um prenúncio da aproximação dos maciços da Gardunha e Estrela? 
E continuou também o deleite com as paisagens, sempre com o rio como companhia. Antes da aldeia da Barroca, passei por uma mini-hídrica. 

Barragem da Barroca

Também nesta zona existem gravuras-rupestres possíveis de se visitarem. Mas não me demorei aqui pois as visitarei quando percorrer o percurso do xisto da Barroca noutro dia e com calma. Para chegar à Barroca tive que atravessar o rio por uma ponte metálica. Na aldeia parei numa mercearia para abastecer de víveres e tomar o pequeno almoço.

Ponte para a Barroca

Nas próximas horas iria andar por uma zona de exploração mineira. Entristeceu-me ver que alguma da poluição produzida ia parar ao rio.

Minas junto ao rio

Muitas das estruturas e casas de apoio às minas estão em ruínas e ao abandono. Seguindo agora pela estrada M512 tem-se uma visão dramática da aldeia de Cabeço do Pião, julgo ter sido uma aldeia de apoio aos trabalhadores mineiros.

Cabeço do Pião

E eis que me aparece ao longe a Serra da Estrela e a Torre, bem visível num dia como o de hoje.

Serra da Estrela e Torre

Ainda passaria por mais duas povoações bem interessantes neste dia: Ourondo e Barco, ambas pertencentes ao concelho da Covilhã.

Ourondo

Barco
A minha dor no pé direito é que não melhorou e ao fim do dia tinha um inchaço na região lombar do pé. Há que saber ler os sinais do corpo e quando parar. Ainda não era desta que iria chegar ao fim da GRZ, no Covão d´Ametade na Serra da Estrela. Talvez para a próxima alcance o meu objectivo. Até lá.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 2

O dia acordou envolto em névoa matinal, comum nestas zonas de rio. Hoje estava destinado ser o dia dos azares. Depois da passagem por Janeiro de Baixo, cheguei a uma bifurcação, onde havia marcação de GR para a esquerda e em frente ao fundo dava para ver um poste, mas devido à neblina não distingui o seu significado. Confiante que a continuação só podia ser para a esquerda, foi por aí que enveredei. Achei estranho o aspecto das placas ter mudado e serem mais antigas, mas atribuí a isso talvez terem sido implementadas por outra entidade. Afinal continuava num trilho de GR e parecia estar tudo bem. Foi quando a rota se começava a afastar do rio que me questionei que talvez estivesse a ir na direção errada. Depois de reflectir e rever as fotos tiradas às placas nessa manhã, cheguei à conclusão que estava a seguir a GR-21 Rota das Aldeias do Xisto.

Sinaléctica em Janeiro de Baixo

Tinha de voltar atás e para encurtar a distância planeei uma rota por estrada até ao local onde julgava que tinha ocorrido o engano. Foram 2 horas queimadas. O meu palpite veio a confirmar-se. O poste que me tinha escapado era o de caminho correcto da GRZ.
Sabia que a GR-21 estava implementada em algumas zonas, como por exemplo na Ferraria de São João, mas não contei que estivesse aqui também. Bem, adiante...
Janeiro de Cima era o meu próximo objectivo. E não contava que houvesse duas opções para lá chegar. À entrada da ponte que dá para esta povoação, segui a placa que dizia GR-33 em vez da GR-33.3 , desconhecendo o porquê de haver duas continuações.

Qual escolher: GR-33 ou GR-33.3 ?

Segui alguns minutos por estrada de terra e depois comecei uma descida em direcção ao rio. Aqui existe um abrigo com bancos e mesa. Muito bom para um piquenique.

Descendo para Janeiro de Cima

Foi onde tive uma visão altaneira sobre Janeiro de Cima que me fez ficar em contemplação algum tempo.

Janeiro de Cima

Chegado à margem do rio, deparo-me com o seguinte cenário. Havia uma série de pilares de cimento em direcção à outra margem mas não havia ligação entre eles. Bonito!!! Toca a voltar a trás. Já sabem, nos meses de Inverno sigam a placa que diz GR-33.3 . Este foi o primeiro troço com alternativa que encontrei. Acho que se devem ao forte caudal que o rio tem nos meses de chuva. Melhor assim, a segurança em primeiro lugar. Não lembra a ninguém termos de levar um barco para atravessar um rio. 
Por incrível que pareça é isto que acontece na GR-38 Por montes e vales de Arouca onde na zona do vau só atravessamos o Paiva se tivermos um barco, o que me obrigou a fazer um desvio de 20km.
As paisagens da mais altíssima qualidade continuavam a suceder-se e pude avistar diversa fauna: garças, patos-bravos, corvos. Lontras é que nem vê-las.

Meandros do Zêzere



Na zona envolvente de Janeiro de Cima existe uma série de percursos parcamente assinalados e que partilham com a nossa Grande Rota. As aldeias de Alqueidão e Dornelas do Zêzere eram o meu próximo objectivo.


Da parte da tarde começou a aparecer-me uma dor no pé direito, mas que não me impedia de caminhar. 
Antes de chegar a Alqueidão passei por um dique magnífico pois nesta altura do ano o rio vai caudaloso e rápido para escoar as águas da chuva dos últimos dias.

Alqueidão já se avista (e o fumo das lareiras também)

Era com estas visões que terminava o meu 2º dia a pé pela GRZ. Contas feitas, tinha caminhado 29,4 km mas apenas 14,6 eram da GRZ. Espero que amanhã me corra melhor o dia.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Grande Rota do Zêzere - 2ª parte - Dia 1

Começo a 2ª parte da Grande Rota do Zêzere onde tinha terminado a 1ª, na aldeia de xisto de Álvaro. Consultem o meu blogue de cicloturismo Bike Expedição onde estão os diários da GRZ desde Constância até Álvaro. Mas desta vez não iria continuar de bicicleta, mas sim a pé. O equipamento que usei foi o seguinte:

Mochila de trekking Lowe Alpine AirZone Quest 37
Campismo: tenda Gelert Solo 1 person tent (waterproof), saco-cama, almofada
Acessórios de higiene, escova de lavagem de roupa
Meias, toalha, roupa interior
Garrafa de água, calças impermeáveis, guarda-chuva
GPS: Garmin Dakota 20
Máquina fotográfica: Sony DSC-HX20V com cartão de 16Gb

Comecei bem cedo como gosto de fazer para poder andar sem pressas e desfrutar das paisagens ao longo do dia. Àquela altura já o rio estava bordejado com pescadores, apesar do frio que se fazia sentir. Depois de passar a praia fluvial desta aldeia encetei por uma série de estradões florestais até que a meio da manhã passei por uma aldeia abandonada. Com cerca de 10 casas, todas em ruinas e/ou com flora a crescer dentro das suas paredes. Detive-me aqui a imaginar como seria a vida aqui em tempos que já lá vão: o trabalho no campo, as vias de acesso em mau estado, o isolamento, a pesca no rio, a vida comunitária, enfim... O que me trazia de volta à realidade era o som do sino de uma igreja distante do outro lado do rio. Esta aldeia já não vem nos mapas. Pelo que consegui apurar posteriormente, chama-se Felgueiras.

Aldeia abandonada de Felgueiras

Ia avistando várias aldeias do outro lado do rio. Primeiro Vale Serrão, depois Lobatos, Lobatinhos, Signo Samo e Sobral Magro.

Da esq. para a dir. Lobatos, Lobatinhos, Signo Samo, Sobral Magro

Por volta das 13H chegava a Cambas, aldeia ribeirinha que já faz parte do meu imaginário. Depois de passar a ponte e a praia fluvial de Cambas, em vez de cortar para Admoço segui pela ponte e fui almoçar ao restaurante Slide, que já conhecia desde a Rota das Montanhas de Oleiros. Vão lá que é barato e são bem servidos.

Chegada a Cambas

Muito bonito foi o percurso até Janeiro de Baixo, quase sempre por estrada alcatroada e deixando sempre vislumbrar o rio a correr lá em baixo. Estou rendido a tamanha beleza.

Admoço

Antes de chegar a Janeiro de Baixo havia de passar na Garganta do Rio Zêzere, um dos geomonumentos do Geoparque NaturTejo.

Garganta do Zêzere





terça-feira, 2 de dezembro de 2014

GR-26 Santiago da Guarda-Quatro Lagoas

Sabia da existência de um projecto de uma GR-26 apelidada Terras de Sicó que se tentou implementar no passado na zona centro de Portugal abrangendo as terras da Serra de Sicó. Sabia também que este projecto nunca se concluiu, apesar de ter visto em tempos a sinalética e um painel informativo em Penela. Fazendo pesquisa fui dar ao site Terras de Sicó onde fiquei a saber que a ideia original era dividir a GR em percursos mais pequenos de aproximadamente 20km. 
Assim, usei do Google Earth para traçar o trajecto dos vários PR´s que depois uni para obter a GR-26 Terras de Sicó. Era um dos meus objectivos percorrê-la, a pé ou de bicicleta.
Mas neste ano de 2014, foi com alegria e entusiasmo que tomei conhecimento que estava a ser implementada sinalização para esta rota ver finalmente a luz do dia e aventureiros no seu encalço.
Não sabia se o percurso era coincidente com o inicialmente proposto. Comecei esta demanda em Ansião por ser o local mais perto de onde vinha (IC8 lado Este).
O equipamento que usei foi o seguinte:

Mochila de trekking Lowe Alpine AirZone Quest 37
Campismo: tenda Gelert Solo 1 person tent (waterproof), saco-cama, almofada
Acessórios de higiene, escova de lavagem de roupa
Meias, toalha, roupa interior
Garrafa de água, calças impermeáveis, guarda-chuva
GPS: Garmin Dakota 20
Máquina fotográfica: Sony DSC-HX20V

Como não sabia se a nova GR-26 passava em Ansião ou não comecei por seguir a GR-26 antiga (que só estava no meu GPS) . Estava confiante que iria encontrar a sinalização recente, pois o track que levava era um tanto sinuoso. Isto confirmou-se em Santiago da Guarda, onde avistei a primeira placa indicativa e os traços vermelho-branco. Esta sinalização não é coincidente com o projecto inicial, embora passe pelas mesmas zonas. De um modo geral e pela parte que vi, a sinalização está bem conseguida mas não isenta de falhas, não sei se por vandalismo ou erro humano. Nada que uma tentativa e erro não resolva e se descubra o fio à meada. Quando a rota estiver inaugurada e houver acesso a um mapa da mesma, creio que as coisas serão mais fáceis. 
Gostei de ver a profusão em sinalética: GR-26, Caminhos de Santiago, Caminhos de Fátima, PR Condeixa-a-Nova. Pena não me ter cruzado com nenhum peregrino nesta altura do ano.
Um local onde quase desisti foi à chegada a Alcabideque. Andei cerca de 300m sem ver marca alguma, mas depois no centro desta localidade, à beira-rio lá estava uma placa com a distância até Condeixa-a-Nova. O problema é que depois a sinalização desapareceu e só voltei a encontrá-la perto das ruinas de Conímbriga. Ainda segui o percurso no sentido contrário mas voltei a perder as marcas umas centenas de metros andados. Vou ter de esperar que haja um mapa da rota para saber o que correu mal!
Os 72km que fiz tiveram muito interesse para mim, senão vejamos:
- avistei uma dezena de parapentes ao 2º dia
- as Buracas de Casmilointeressante formação geológica
- as muitas aldeias pitorescas
- os caminhos de peregrinação (Santiago e Fátima)
- a vila de Penela e o seu castelo (onde não me detive por já conhecer)
- os muitos pastores e seus rebanhos de cabras e ovelhas com quem metia conversa
Ao longo do troço que fiz há vária oferta de cafés, mercearias e restaurantes. 
É perfeitamente viável fazer o percurso de bicicleta. Em alguns pontos é aconselhável desmontar, quer por precaução, quer pela imposição do terreno.
Andei "dentro das marcas" até à aldeia de Quatro Lagoas. À sua saída tinha uma bifurcação de caminhos rurais e não mais encontrei os traços horizontais em nenhuma das opções. Não sei se os trabalhos foram interrompidos aqui ou se algo me escapou. O futuro o dirá, quando aqui voltar para completar o que me propus inicialmente. 
Até à próxima caminhada! Saudações pedestres.


GR-26 Santiago da Guarda-Quatro Lagoas