sexta-feira, 3 de abril de 2015

GR-38 Grande Rota do Muradal - Pangeia

Dia 31 de Março rumei à aldeia do Estreito para percorrer a novíssima GR-38 Grande Rota Muradal - Pangeia ou também chamada "Trilho Internacional dos Apalaches", dois dias depois de ter sido inaugurada. Antes, ainda passei pelo posto de turismo de Oleiros para levantar um folheto deste percurso.
Aqui pode ler-se: "A Grande Rota Muradal Pangeia é um percurso que enaltece a montanha quartzítica do Muradal e evoca o supercontinente Pangeia, que existiu até há 200 milhões de anos, do qual esta região do Maciço Ibérico faz parte. "
A partida foi no Estreito mas pode-se começar também em Sarnadas de São Simão, Vilar Barroco ou Orvalho.


O percurso seguiu depois por São Torcato, cruzou a EN238 e seguiu por estrada florestal rumo à Penha Alta. Aqui tem-se uma boa panorâmica da serra do Muradal.

Serra do Muradal
Depois há uma placa a assinalar a escola de escalada da Crista do Zebro e a estrada a seguir para lá chegar. Continuei serra acima até alcançar a Penha Alta. Aqui a progressão era por trilhos estreitos com muita pedra e raizes de esteva à mistura.


Aqui temos uma vista soberba sobre a aldeia de Sarnadas de São Simão, que se estende até às serras da Gardunha e Estrela.
Sarnadas de São Simão
É uma sensação incrível andar na crista de uma serra com tão belas paisagens como esta e com trilhos bem cuidados. Um hino à natureza. O climax da comunhão Homem/Natureza.
O geossítio do Portelo com as suas formas características na rocha foi a atracção seguinte.


De seguida segui uma placa à procura do Forno da Moura. Não sei se o encontrei, porque não havia placa indicadora, mas julgo ser esta formação rochosa:


Continuei seguindo pelos largos estradões de serviço às torres eólicas. A sinalização já assinalava a Cova da Moura, a atração mais a sul desta GR-38. Antes de lá chegar ainda havia de passar no Picoto do Muradal, povoado castrejo da Idade do Ferro e que fez parte da linha defensiva Talhadas-Muradal nas invasões Francesas.


Cova da Moura
Depois da Cova da Moura regressei pelo mesmo percurso tendo do lado direito uma vista estupenda para as povoações de Cardosa e Sarnadas de São Simão. Depois segui pela variante GR-38.1 que faz a ligação à GR-38.2 para quem começa (ou acaba) em Sarnadas de São Simão. Foi necessário conquistar a Casa da Moura, mais uma formação geológica suigéneris, fazendo descidas quase a pique. Continuei rumo ao geossítio do Portelo novamente.

Sarnadas de São Simão (esq) e Cardosa (dir)
Aqui é onde começa a Via Ferrata que eu faria caso estivesse munido de capacete e arnês (obrigatórios). Como alternativa para chegar à Penha Alta e para não voltar novamente pelo mesmo trilho, usei a estrada de serviço às torres eólicas até chegar à EN238 e depois voltei a subir à Penha Alta. O miradouro do Zebro era o próximo objectivo a atingir. E que lição de geologia se pode aprender desde aqui!!!


Vista desde o miradouro do Zebro
Depois houve uma descida difícil e acentuada até à ribeira das Casas da Zebreira. Aqui o percurso seguiu com a passagem por pontes e passadiços de madeira até ao Poço Mosqueiro e Poço de Fervença. O calor que se fazia sentir já convidava a um mergulho.




Um paraíso escondido no fundo do vale a convidar regressar outro dia com mais tempo. O percurso continuou pelas margens da ribeira e depois por estrada florestal até à aldeia vizinha de Vilar Barroco. Aqui aproveitei o mini parque junto da fonte da aldeia para retemperar forças e dar de beber à sede.
Depois foi tempo de subir e muito pela serra acima até perto dos 900m de altitude. Voltou-me novamente a adrenalina e sensação de liberdade por andar na crista da serra. Ou deverei dizer antes por andar nas nuvens? Magníficos trilhos, uma varanda sobre Vilar Barroco, paisagens espectaculares que se estendiam até Espanha. O que se poderia pedir mais?


O Orvalho e o miradouro do Cabeço Mosqueiro já se avistavam ao longe e agora era a descer até à CM1197. 

Orvalho ao longe
Mas havia ainda que passar por mais uma maravilha natural: a cascata da Fraga d´Água Alta, geomonumento do Geopark Naturtejo.


Nas imediações do Orvalho a GR-38 cruza-se com a Geo-rota do Orvalho, mais um percurso pedestre de luxo, que vale a pena percorrer.

Moinho do Orvalho
Consultando o folheto da GR vejo que esta termina no miradouro do Cabeço Mosqueiro. Mas no Orvalho a última sinalética que encontro é a de descrição da localidade. Assim, continuei seguindo o mapa. A subida ao miradouro é comum à Geo-rota do Orvalho e a vista daqui é soberba, alcançando-se muitas aldeias ao redor. O painel que aqui se encontra mostra-nos o nome de cada uma, bem como as ocorrências geológicas na paisagem.
Para terminar deixo-vos com uma passagem do folheto da GR-38:
"As sensações e emoções são uma constante ao longo da extensão da Grande Rota. A liberdade é certa. O contacto com a sonância e os cheiros naturais são inexplicáveis. O caminhar e "alcançar o céu" é surpreendente. É conhecer lugares com "estórias" , lendas, culturas e ciências. É poder refrescar com um natural mergulho nos Olhos de Fervença. É possuir a frescura da Fraga da Água d´Alta. É sentir o poder de descobrir a natureza."

GR-38 Trilho dos Apalaches



No dia seguinte faria a variante GR-38.3 que faz a ligação entre o Orvalho e Vilar Barroco por caminhos florestais onde predomina o pinheiro bravo, castanheiro e eucalipto. Uma alternativa bem mais suave com o terreno plano a ser a predominância.


8 comentários:

  1. gostaria de saber se saindo do Estreito dá para fazer o trilho num dia .e voltamos ao Estreito ou termina onde ?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fazer a totalidade da rota num dia não vai ser fácil, para não dizer impossível, isto se se quiser disfrutar da caminhada e apreciar as paisagens. O que tenho visto em outras pessoas é que fazem a rota em 2 dias (seguidos ou em alturas diferentes).
      Sendo o percurso linear, com término no Orvalho, há que planear antecipadamente o regresso ao ponto de partida.
      No meu caso regressei a pé, mas a opção mais viável será um táxi.

      Eliminar
  2. Caro Márcio, fazendo o trilho em 2 dias, onde recomenda pernoitar? Alojamento? Acampar? Também que equipamento de orientação recomenda levar? Obrigado

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. No seguinte link encontra a oferta de alojamento na zona:
      http://www.cm-oleiros.pt/conteudos/10/64/alojamento/
      Nas aldeias que ficam a meio da rota (Vilar Barroco e sarnadas de São Simão) creio não existir alojamento.
      Quanto a orientação, quando realizei o percurso encontrei-o muito bem sinalizado e levava um folheto com mapa que fui buscar ao posto de turismo de Oleiros.
      Levar equipamento GPS com o track é uma mais valia e garantia de ninguém se perder.

      Eliminar
  3. Na tua opinião esta rota é "ciclavel"?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não creio. Tem algumas partes que dificilmente vai dar para passar montado na BTT. Existe é uma via de BTT sinalizada com partes em comum com a GR-38 na serra do Muradal.

      Eliminar
  4. olá
    Conhece alguma empresa que nos forneça material e acompanhe na via ferrata ?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá. Infelizmente não conheço. Talvez contactando a CM de Oleiros a possam ajudar. Cumprimentos.

      Eliminar